Maiores produtores mundiais de OGMs

Brasil segue como terceiro produtor mundial de OGMs, com Argentina e EUA à frente



O Brasil destaca-se no ranking de produtores de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), atrás apenas de Estados Unidos da América (EUA) e Argentina.

Segundo relatório elaborado pelo Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações Agrobiotecnológicas (ISAAA, sigla em inglês), em 2007, o número de países que possuem lavouras OGMs alcançou a marca de 23, com crescimento alavancado pelas economias emergentes.


A disseminação global da cultura de transgênicos tem crescido a uma taxa anual média de 12%. O estudo destaca a contribuição de cinco países em desenvolvimento (PEDs), representantes de três continentes – Índia, China, Argentina, Brasil e África do Sul.

Além do aumento do número de países produtores de OGMs, destaca-se o fato de que, em 2007, o número dos PEDs que cultivam lavouras OGMs ultrapassou o de países desenvolvidos (PDs).

A proporção da área plantada também aumentou mais nos PEDs, passando para 43% da área global total com biotecnologia agrícola – o que representa um crescimento de 21%, contra 6% dos PDs. Também cresceu o número de produtores individuais que passaram a fazer uso dos OGMs em suas lavouras, atingindo o total de 55 milhões de agricultores.

Dado mais inusitado, contudo, consiste no crescimento do cultivo de transgênicos entre os pequenos produtores pobres, que pela primeira vez somam mais de 10 milhões de agricultores apenas nos países emergentes.

A velocidade da expansão entre os agricultores de recursos escassos sobrepõe-se largamente à que se dá entre os grandes produtores. Do total de 12 milhões que adotou cultivos OGMs em 2007 em todo o mundo, mais de 90% pertenciam ao primeiro grupo. Os números apresentados colocam a biotecnologia no posto de tecnologia agrícola de mais rápida adoção nos últimos anos, sustenta o relatório.

Índia e China, maiores produtores mundiais de algodão, representam o maior pólo de difusão dos OGMs entre os pequenos produtores pobres.

Na Índia, que registrou o maior crescimento mundial em área plantada com lavouras geneticamente modificadas (GMs) – 63% em 2007 –, estima-se que 60 milhões de pessoas sejam dependentes do cultivo de algodão. A área cultivada com o similar GM da espécie passou de 50 mil hectares em 2002, cultivados por 54 mil agricultores, para 6,2 milhões de hectares, ocupados por 3,8 milhões de pequenos lavradores.

Na China, a quantidade de pequenos agricultores que aderiram à tecnologia dos transgênicos é quase o dobro da que se registra na Índia – acima de 7 milhões. Para os chineses, há ainda outro produto cuja versão GM ganha destaque cada vez maior, com relevante impacto alimentar: o arroz, item essencial na dieta de cerca de 110 milhões de famílias na China.

Os EUA continuam ocupando o primeiro lugar no ranking de países que utilizam as técnicas de manipulação genética em agricultura, com 57 milhões de hectares plantados. Como propulsor da liderança, figura o expansivo mercado estadunidense do etanol a partir do milho GM, cuja área plantada aumentou 40% no último ano em relação a 2006.

Na segunda colocação encontra-se a Argentina, um dos seis países precursores das lavouras GMs, que em 2006 já comercializava algodão e soja transgênicos. Dos 19 milhões de hectares cultivados com OGMs pelo país, correspondentes a 19% do total mundial, 16 milhões são ocupados por soja e 2,8 milhões por milho. Ao contrário de Índia e China, a adesão aos OGMs no país ocorre principalmente nas grandes fazendas exportadoras, especialmente de grãos e oleaginosas.

Uruguai e Paraguai ficam com a 9a e 7a posições, com áreas cultivadas de 0,5 e 2,6 milhões de hectares, respectivamente.

O Brasil segue os argentinos, no terceiro posto da lista, com área de cultivos GMs estimada em 15 milhões de hectares, onde predomina largamente o plantio de soja (14,5 milhões de hectares), sendo quase todo o restante ocupado pelo algodão. O crescimento de cultivos GM em geral no país foi o mais acentuado, com taxa média de 30% ao ano desde 2006, atrás apenas da Índia. O incremento de 3,5 milhões de hectares foi o maior em termos absolutos entre todos os países que fazem uso de biotecnologia agrícola.

Segundo maior produtor de soja mundial, o crescimento na produção brasileira compensou, perante o mercado internacional, as perdas de espaço da soja para o milho no interior dos EUA. Em relação a essa última commodity, o plantio das sementes GMs no Brasil aguarda aprovação final, pelo Conselho Nacional de Biossegurança, prevista para 2009. O estudo da ISAAA aponta que o cultivo das lavouras pré-aprovadas tem sofrido atrasos devidos principalmente a restrições jurídicas, motivadas inclusive por divergência de interesses entre os Ministérios do governo. A esses obstáculos, o relatório contrapõe o compromisso assumido pelo Presidente Luís Inácio Lula da Silva, em novembro de 2007, de investir US$ 23 bilhões no “Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação”. Entre os objetivos do pacote figura o apoio a pesquisa e inovação em biotecnologia.

Outros 29 países, além dos que já cultivam OGMs, têm concedido aprovação para importação, uso em alimentos e liberação no meio ambiente dos produtos transgênicos. Até 2015, o estudo prevê expansão de até 10 vezes no número de fazendeiros que aderem às lavouras GMs, o que ultrapassaria 100 milhões. O recente salto na insegurança alimentar deve servir como estímulo para esse crescimento, uma vez que pressiona em direção a uma maior produtividade da agricultura em todo o mundo.

Fonte : ICTSD - 15 de setembro de 2008
 
Fonte consultada :


Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações Agrobiotecnológicas.

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